O cuidado com a reputação dos profissionais da saúde deve ser observado com frequência. Principalmente porque depende exclusivamente da atuação de cada um e de como projetam sua trajetória.
Esta é uma preocupação que deveria existir desde o momento da escolha da carreira. Afinal, a realidade mostra que uma vida profissional sólida é resultado da competência técnica somada ao bom gerenciamento da trajetória profissional. E é aí que entra o cuidado com a reputação.
Mas como se proteger em um cenário como o vivido pelos profissionais de saúde atualmente, em que a pandemia causada pelo coronavírus faz desta uma das categorias mais expostas?
Aqui não falamos apenas dos riscos para a saúde. Também estão envolvidas questões éticas e emocionais causadas pela sobrecarga de trabalho, falta de materiais e outros insumos. Com isso, o rendimento desses profissionais pode ser diretamente impactado. E, por consequência, sua conduta questionada por pacientes ou seus familiares.
A seguir, damos algumas dicas e orientações que podem ser seguidas para reduzir os impactos negativos que a pandemia pode trazer para a reputação dos profissionais da saúde. E ainda, alguns esclarecimentos sobre até onde vai a responsabilidade deles diante da realidade que enfrentam.
Como proteger a reputação dos profissionais da saúde durante os atendimentos
No contexto atual, em que os atendimentos a pacientes com sintomas da Covid-19 se intensificam, somente as circunstâncias e a realidade de cada ambiente de saúde podem apontar a quais erros os profissionais desta área estão suscetíveis. Entre eles, os mais prováveis estão relacionados ao diagnóstico equivocado. Isso pode levar à evolução da doença ou à transmissão a terceiros, caso não recomendadas as medidas de isolamento.
É por isso que tais profissionais têm o dever de adotar todas as técnicas e aplicar todo conhecimento disponíveis para o diagnóstico e tratamento de uma doença. Independente de estarem ou não no centro de uma pandemia. Assim, além de cumprirem o que sua capacitação preconiza, sua reputação também se fortalece.
Mesmo assim, não estão imunes de serem denunciados ao seu respectivo conselho de classe por alegada infringência de normas éticas. Mas, também podem ser acusados de crimes como a omissão de socorro, por exemplo. Com registro de boletins de ocorrência que poderão derivar em processos penais. Além disso, podem responder a processos cíveis e, caso se comprove alguma atitude culposa, estarão sujeitos ao pagamento de indenização.
Como não existe um meio de garantir que os profissionais da saúde não sejam processados, alguns cuidados podem ser adotados para resguardar a reputação. Principalmente com o objetivo de reduzir os riscos de cometer erros e evitar situações que possam ser alvo de processos. Assim, a melhor forma de se protegerem é garantir que tomaram todos os cuidados necessários. São eles:
– Adotar sempre os protocolos médicos preconizados
– Utilizar todos os equipamentos de segurança necessários para cada atendimento
– Manter os registros de prontuário atualizados e detalhados
– Cumprir o dever de informação do paciente, inclusive orientando ele e/ou seus familiares sobre os riscos tanto da doença como do tratamento
– Comunicar ao Conselho Regional ao qual está vinculado eventuais inobservâncias de normas técnicas por parte dos serviços onde trabalha, sejam hospitais, clínicas, postos de saúde ou outras instituições relacionadas à saúde
A importância do prontuário
Quando se trata de resguardar a reputação dos profissionais da saúde, em especial de médicos e dentistas, o prontuário é um dos principais aliados. Esse é um documento que não pode ser encarado como mera burocracia. Para que sua importância seja validada, é necessário que esteja atualizado e preenchido corretamente. Afinal, as informações ali contidas podem provar que houve garantia do melhor tratamento.
Por isso, deve conter, mesmo que de forma resumida, todas as informações acerca do quadro do paciente. Isso inclui exames solicitados e seus resultados, tratamentos instituídos ou recomendados e a evolução do quadro. Assim, caso o atendimento seja complementado por outro profissional, o prontuário irá contribuir para o correto acompanhamento.
Além disso, um prontuário atualizado e com as informações necessárias pode servir tanto para evitar processos como um meio de prova, no caso de ações em andamento. Afinal, essa é uma das únicas formas que os profissionais possuem para comprovar as decisões e tratamentos adotados no atendimento a seus pacientes.
Até onde vai a responsabilidade dos profissionais de saúde diante de pandemias
Diante de um cenário de pandemia, como o que o mundo enfrenta nos últimos meses, é dever de quem atua na área da saúde adotar as boas práticas que a profissão exige. No entanto, existem situações específicas onde a responsabilidade foge à competência dos profissionais que estão à frente dos atendimentos.
Uma destas circunstâncias é se houver necessidade de internação e não existir vaga. Neste caso, a responsabilidade em garantir o acesso do paciente a um leito é das instituições. Principalmente do Estado, enquanto garantidor do direito do cidadão ao acesso aos meios de tratamento da saúde.
Ainda diante da falta de leitos, caso o paciente seja orientado a voltar para casa e seu quadro de saúde não apresente sintomas graves, essas condições devem aparecer no prontuário e na nota de alta emitida pela instituição.
Além disso, tanto no documento como verbalmente, o profissional da saúde deve esclarecer que, caso a situação se modifique, com o surgimento de novos sintomas ou intensificação dos que até então estavam brandos, deve fazer contato imediato com o serviço de saúde, mantendo a maior higiene e cuidados possíveis.